RECORDAÇÃO


Chovia. Sentada na janela,
Um barco de papel segurando,
Espiava pro riacho e a pinguela,
Sonhava vê-lo navegando.


E pulei pra fora com jeito,
De camisolão arregaçado,
Levando bem juntinho ao peito,
O meu barquinho com cuidado.


Mal o joguei na correnteza,
Saiu rodopiando com destreza,
Para sempre se foi meu batel.


Assim é tudo nesta vida
Esvai-se a ilusão mais querida,
Como um simples barco de papel.
 

Clea Moore

 

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