Uni Duni... Bem rapidinho!!!


Quando entrei no elevador parado,
meus olhos encontraram os seus,
fechando a porta do elevador,
o chão em nuvens de desejos,
deixava meus olhos correrem seu corpo,
com os braços estendidos buscando o teto,
vi de sua camiseta subindo e de sua bermuda
a marca do sol escondida no branco do prazer...

Entrei no êxtase dos devaneios,
lembrando do leite e dos quatro pacotinhos,
usando de minha mão no bolso
senti do ponto de estar pronto,
no bolso os dedos perdidos
buscavam entrelaçar dos anseios
da noite passada e mal dormida, quando
ficou apenas, a vontade de comer
mousse de abacaxi...

Foi logo de manhã,
A bendita Benedita, chegou inspirada
e me encontrando prá baixo, foi logo dizendo:

- Que cara!
- Parece que comeu e não gostou!
- Ou, será que não comeu?
- Venha cá, meu menino!

E, eu com a cara sem lavar, sorrindo deslavado,
me deixei no abraço dizer da vontade de comer
mousse de abacaxi...
A Benedita rindo, foi logo passando
a listinha dos ingredientes,
disse que na padaria do Luizão
tinha tudo para fazer o mousse
e garantiu que seria rapidinho.
Eu sem acreditar do abacaxi encontrar,
desci e fui lendo a lista no caminho:

- Um litro de leite.
- Quatro pacotinhos de gelatina em camadas.

Sem botar fé na tal receita,
comprei os quatro pacotinhos de sabor abacaxi
da marca feito merchandising pela Benedita,
tinha que ser da “DR. OETKER”!!!
E voltei para casa pensando em descrédito
da mão de obra de justificar o cheque pré-datado,
sentindo seus olhos procurando dos meus,
olhando para os quatro cantos do elevador,
sua bermuda descendo, sua camiseta subindo,
usei mão desocupada para parar a subida,
o elevador parou de repente...

E entre o meu andar e o seu andar,
meu corpo passeou em seu corpo,
para brincar de fazer amor, sem ouvir,
sem sentir da reclamação ao síndico,
para explorar da pane provocada,
para deixar de meu prazer o seu prazer,
entre nossos andares nos deixamos molhar
em nossos suores divididos no rapidinho,
bem rapidinho, usei as duas mãos
para descer sua camiseta, para subir sua bermuda,
para esconder o branco, para esconder do suor
sem ter como esconder do quero mais para depois,
sorrindo como só os culpados sabem fazer,
respiramos aliviados pela troca sem culpa,
e o elevador voltou a subir, você sorrindo,
eu rindo, e o condomínio todo xingando...

Entrei no apartamento conjugando satisfação,
A Benedita, perguntou dos ingredientes comprados
E pegando do litro de leite, colocou no liquidificador,
acrescentando algumas gotas de suco de limão.
Deixando bater um pouco para colocar aos poucos,
Um a um, os pacotinhos de gelatina em camadas,
depois de três minutos, estava pronto o mousse,
colocado em taças improvisadas no pirex ,
agora, era deixar na geladeira por uma hora...
Sem deixar fugir de sua curiosidade,
a Benedita com ares de alcoviteira, disse:

- E então, gostou da padaria?
- Tinha certeza de que uma saída rapidinha iria lhe fazer bem!

Eu com ares de pecador, fiquei viajando de elevador.


RAMOORE


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