Desde aquele dia em que soube do amor
Caminha ao meu lado a tristeza e a dor
Abri bem no meu rosto uma caixa de Pandora
E transmutei-me então no cemitério de agora
Vários amores em diferentes olhos
Tantos que na essência se tornaram um
Sentindo através do calor do beijo
Sempre oculto o sabor que não desejo
Mas é este o purgatório dos que amam
Viver na carne a dor que a arte imita
Sentir latejar em seu íntimo obscuro
A doce dor que destrói enquanto inspira
Aos homens dou graças pelo papel
E às aves do campo pela pena consoladora
Tão grande alívio é vomitar os sentimentos
Antes que sufoquem essa meia-vida traidora
Tolos são aqueles que buscam sofrer
Que tem por opção a tristeza cultuar
Se ansiarem cultivar angústia pra viver
Conheçam antes a maior dor que é amar