Sábado

 

 

Há anos há planos, enganos e danos,

Cujo luxo em fluxo ao lixo é fixo.

Gente quer ser gente e sente

A fome que come seu nome.

A graça não passa na praça.

Cada madrugada resta besta

Pela estrada desbotada,

Nem festa, nem seresta.

 

O sabor do amor era dor

E fazia da poesia revelia

Ao invocar, enforcar

O estro do astro como seqüestro

da caudalosa, zelosa e dolosa rosa

Que trazia como companhia

E via o semblante perante,

Berrante e arrogante pelo constante

Gracejo, desejo e molejo

No remédio do tédio pela mulher

Que se quer fazer querer.

 

Ínfimas lágrimas íntimas

Escorrem, seguem, riem em miragem.

É sábado pasmado, atirado

Aos braços-fracassos por abraços.

A chuva miúda desnuda a noite muda

E se casa à casa.

Grades em grandes paredes

Fazem padecer, reviver

Cada ato num desacato, embriagado,

Ora presente na mente demente!

É hora da demora ir embora

Com o apoio vadio do ópio.

É sábado agredido, ferido e esquecido

Pelo copo no topo do corpo

Torto e morto!

 

Paulo Peres

 

 

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