Nativo

 


Venho do consumo consagrado de seres perdidos,
em leis ditas e malditas de leigos precursores,
alegados em fardo pesar de pesares e queixumes,
espanto do espanto os fantasmas deixados em urna
no verde da esperança perdida, cheirando ao comum
fato obrigado em minha livre vontade do ir e vir...

Deixo de minhas mãos presas ao desatino da crença,
as esperanças morrerem a cada pleito em meu peito,
teimando na fraterna promessa em siglas abstratas
de meu sofrer não tenho lágrimas, na seca verdade
minha semente no solo fecundo não conhece do sol,
em abraços de mãos vazias do aperto aperto a dor
contando dos dedos em dez sem ter um...

Sinto do céu caírem anjos e demônios em minha fé,
do evangelho sem a catequese do prato feito e cheio
das minhas amarguras, vejo do sorriso em cirurgia
o instrumento adestro substituir a falta da realidade,
sem expressão expresso minha vontade de andar
na vontade sem ter vontade de queimar meu pés,
provo do milagre caminhar em brasas na fome
acreditando da água a borra do café...

Voto de meu voto votar a imposição pragmática e servil,
de meu canto varonil meu primogênito varão e viril,
como indigente em vícios doutrinados em sete palmos
do símbolo consagrado em celeiro, está em cinzas e pó,
no direito reservado longe dos direitos não mostrados
em preto e branco, no medo absurdo do sonho absurdo,
ouço das cores emprestada bandeira em bedelhar o trivial,
recolho em saco plástico, sem minha viola empenhada,
todo meu versar que só posso deixar escapar no olhar...

E cumprindo meu dever, deixo o voto cego no votar!



Ramoore



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