A senha do porão

 



Na casa da minha vovó, tem até fogão a lenha,
Tem forno de barro e um grande e escuro porão
Onde eu acho que vive um grande e feio ratão
A vovó sempre diz que é preciso saber a senha


Outro dia fiquei olhando o vovô descer a escada
E vi quando ele se aproximou da porta do porão,
Bateu cinco vezes na porta e disse um palavrão,
Não aconteceu nada, a porta continuou fechada


O vovô passou por mim correndo, nem me viu
Foi direto na cozinha e voltou com cara de mal
A vovó vinha atrás, rindo e fazendo pelo-sinal
Dizia para o vovô ter calma, mas, ele nem ouviu


Eu fiquei bem quietinho, pensando no palavrão
Que seria a senha do porão, para não esquecer
Eu repeti baixinho, e não vi a mamãe aparecer,
Olhando séria, ela ficou brava e disse: isso não


Eu fiquei sem graça, e disse que era a senha
Que o vovô falou para abrir a porta do porão,
Mas, não funcionou, ele falou outro palavrão
E foi na cozinha pegar um pedaço de lenha


A mamãe começou a rir, segurou minha mão
E juntos descemos a escada bem devagarinho
Em um canto do porão descobrimos um ninho
O vovô e a vovó estavam rindo da confusão


A vovó me pegou no colo e falou dos bichinhos
Que ela, sem ninguém saber, escondeu no porão
Para evitar que fossem parar no bico do gavião,
Eram coelhinhos do mato, todos pintadinhos


Para que ninguém incomodasse os coelhinhos
Ela inventou a senha para manter a porta fechada
Até os coelhinhos acostumarem na nova morada,
Rindo muito, cada um pegou um dos bichinhos


A vovó sorridente, contou o segredo guardado
Para manter a porta do porão sempre fechada
Tinha escondido a chave em um degrau da escada
E todos sempre procuravam no lugar errado


Mas, não pensem que o vovô não levou sermão
A mamãe e a vovó, juntas, falaram da coisa feia
Que o vovô falou, foi no jantar em meio à ceia
E o vovô prometeu não falar mais palavrão.



Ramoore

 

Voltar

 

Página Principal