TEMPESTADE

 
Trazendo pesadelos, fazendo cismas,
criando fantasmas, procurando rimas
Naufragando em mil ondas de lágrimas provocadas,
ou descrente do amor
Rindo das palavras rebuscadas,
desenhadas e pintadas na solidão do azul
Encontrando no silêncio,
entre lamentos torturados de corpos lapidados
Em rios de angústias, quebrando pedras,
ressentimentos meus
Correndo,
remando contra a correnteza 
das incertezas e descréditos
Chorando,
com medo dos raios provocados 
na realidade dos dias presentes
Sentindo no frio da chuva,
o corpo estremecer, fazendo o choro mais fácil
Misturando na lama,
o mal cheiro do enxofre usado na ferida aberta
Cantando em histeria,
cantigas profanas de falsos valores e virtudes
Fazendo do orgulho, alicerce para o mal proceder,
justificado valor
Contrariando princípios morais e familiares,
nascentes no berço amado
Embrutecido pelo meio vulgar do desamor,
rugindo qual besta enfurecida
Blasfemando contra o coração,
que teima em bater dentro do compasso
Deixando de lado as roupas rasgadas e amarrotadas,
sujas de sangue
Criando um corpo nu,
perfeito,
não de formas arredondadas,
ou sinuosas
Desmistificando a alma de falso poeta,
criando deuses e deusas puros
Abortando em grito único,
sem dores, o nascituro gélido, pálido e lilás
Aleitando licores e vinhos,
soluçando rumores indecifráveis e hereges
Crismando em latim,
o parido não nascido para a vida em sentidos
Ouvindo Bethânia,
desligo o computador e vou dormir,
A tempestade passou.

 


Ramoore

 

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