DÁ-ME




Dá-me a magia dos dizeres
do vento cantante,
das fontes que ofertam
frescura abundante,
das selvas que bradam
o silêncio da opressão,
das águas que rolam
a fome de ilusão.

Dá-me a garra da luta
em terras estranhas,
a sede da verdade
em torturas tamanhas,
o peso da sorte
em jogos de azar,
o impulso ferrenho
das ondas do mar.

Dá-me o espelho do que sou
e eternas perguntas
do que ainda restou.
E eu te direi
do que os meus olhos
ainda podem alcançar,
do que os meus ouvidos
ainda conseguem sondar,
do que minha razão
ousa afrontar
e do que o meu amor
sempre irá buscar.

Dá-me a visão de ti
num sorriso liberto
e eu te direi
do amanhecer que te oferto.
Dá-me o tempo
que cuidarei do caminho,
mas segura a minha mão
pois a mim não satisfaz
o que se consegue sozinho.

Dá-me aquilo que pensas
e eu te darei um sonho louco,
aquilo que mais temes
e eu te direi que é pouco.
Dá-me aquilo que tens de pior
e eu te provarei
que ainda és o melhor.

Dá-me a tua alegria
e eu me darei a ti
na mais ousada poesia.


Cleide Canton

 

 

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