Botecos
Botecos de fim de noite são essenciais
para os que se agarram às sobras da madrugada
como penúltima chance de visitar a vida
que avalia com olhos de garçons,
bebe com a boca de tantos sem sede
e acena com a esperança de absurdos encontros.
O fundamental é o estar em algum lugar
longe das sombras, das lembranças e do espelho,
sobreviver aos espasmos da noite
e fazer da embriaguez a paliçada
em que a luz da manhã jamais penetre.
E no confessionário dos balcões imundos
receber a absolvição de não ser escutado,
depois da penitência do quase fechando,
antes que o sol devore a derradeira estrela.
Alberto Cohen
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