Coisa feita

Foi má sorte, talvez, ou sorte minha,
ter essa alma que me faz caretas,
que se esconde debaixo das mangueiras,
que me convida pra jogar peteca
e, em junho, brinca de pular fogueiras.
Quem sabe, foi destino, coisa feita,
trazer dentro de mim esse moleque
que nas horas mais sérias dá risada,
faz-se de vesgo, vira cambalhota,
ou já levanta de cara emburrada.
E não posso alcançá-lo na carreira
e recusa ficar aqui, comigo,
pois tenho perdas e ele quer procuras.
Um veterano que trouxe da guerra
sonhos contidos dentro de armaduras.
 

Alberto Cohen

 

Voltar

 

Página Principal