Mantra


Não me roubem o mantra do meu canto
que empresta seu calor à noite fria,
nas horas de rancor e de agonia
da mágoa que me serve de acalanto.


Que eu seja, apenas, cúmplice dos versos,
cativos de mofadas prateleiras,
no afã de recompor vidas inteiras
com retalhos distantes e dispersos.


Que importa a insensatez dos sentimentos,
se eles trazem de volta alguns momentos,
muito antigos, de mágica e de encanto?


Deixem-me aqui, cercado de poesias,
neste pequeno mundo de utopias,
não me roubem o mantra do meu canto.

 

Alberto Cohen

 

Voltar

 

Página Principal