A moça na janela


Debruçada na janela,
essa moça de outro tempo,
um tempo de ser criança,
um tempo de ser donzela,
um tempo de ser senhora,
um tempo que, há muito tempo,
ficou nos guardados dela
Debruçada na janela,
essa moça de outra gente,
uma gente que sonhava
todos os sonhos por ela,
mesmo depois de criança,
mesmo depois de donzela,
mesmo depois de senhora,
mil sonhos de Cinderela.
Debruçada na janela,
essa moça de outros olhos,
uns olhos que se perderam
nas cirandas de criança,
nos desejos de donzela,
nos malogros de senhora,
nos acenos sem resposta
do abrir e fechar janela.
 

Alberto Cohen

 

Voltar

 

Página Principal