Onipresença
Foste a maior aventura,
e a mocinha da gravura
que pendurei na parede
da oficina do meu quarto.
Foste mais, foste visagem,
a assombrar com tua imagem
os anseios de meu dia,
as noites de não dormir.
Foste aquela brincadeira,
que durou a vida inteira
e que nunca mais termina,
de juju, de esconde-esconde.
Foste diaba e rainha,
de sala, alcova e cozinha,
da rua, das mil procuras,
tão poucas na minha cama.
Foste, afinal, pesadelo
que embaraçou o novelo
da linha de bordar sonhos
tecidos pela metade.
Alberto Cohen
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