O Poeta, o Cão e a Estrada


Ergue o focinho que ainda estamos longe
de ver como termina nossa estrada.
Sente o cheiro de vida que flutua,
como um prenúncio de que a caminhada
terá bifurcações pelo caminho.
Com esse olhar de quem protege o dono,
sequer percebes que, também, és dono
do meu olhar que segue tuas pegadas,
certas, seguras de nosso destino
de vagabundos, ou de não chegar.
E vamos nós, o cão e o seu poeta,
colhendo flores, circundando espinhos,
brincando de alcançar os passarinhos,
nesse momento de cumplicidade
de apenas ir, sem ter o que buscar.
 

Alberto Cohen

 

Voltar

 

Página Principal