Pacto
Vedaram portas, balancins, janelas,
exorcizando o mundo das buzinas,
das prestações vencidas e mazelas.
Depois beijaram o beijo apaixonado
que há muitos anos não beijavam mais,
como dois namorados nas esquinas,
novamente um casal entre os casais.
Dançaram uma valsa das antigas,
lindos, vestidos como dançarinos
eternizados num salão de baile,
e sorriram no mesmo encantamento
do tempo dos saraus e das cantigas,
de mãos dadas, somente dois meninos
transplantados do feio apartamento.
No código lascivo do passado,
disseram coisas livres e excitantes,
num olhar de posse ou possuídos.
Finalmente, deitados lado a lado
Romeu e Julieta revividos,
flutuaram no gás do aquecimento.
Alberto Cohen
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