Maquiagem


Se te leio em entrelinhas
A razão se desalinha
Desarrumando a paixão.
Enleio-me em teias de linhas
Num enredado complicado.
Então, por credulidade
Dizeres das minhas mãos
Versejam o que o coração
Quer dizer, mas diz que não!
Medo esgarçando o segredo
Abro a caixa da verdade
Mas não sei se é saudade
Desprotegida do medo
Invertendo o sujeito
Na suprema inverdade
De uma frase de efeito.
Recorro à obviedade
Da opção de inverter
O sujeito em objeto
Onde o verbo querer
Esconde-se como inseto
Em suprema overdose,
Junta-se às cores do afeto,
Num medo em metamorfose.
Protege-me adverso ambiente
Do ataque de ti, ausente.
Em tons de covarde ironia,
Maquio-me no camarim
Visto a máscara da utopia
De ti, escondo-me a mim,
Nas lidas do dia a dia.
Ao longe a alerta de um sino,
Ou o sonho de um som de violino?

Elane Tomich

 

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