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PROCURA-SE INQUILINOS |
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RAMOORE |
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Quadros cênicos para exercícios
Personagens:
Afonso (proprietário do prédio)
Teresa (esposa do zelador)
Augusto (zelador)
Elisa (esposa do zelador)
Roberto (mutilado de guerra)
Vanda (irmã de César)
César (ex-comandante de César) |
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CENA 1 – PORTARIA DO PRÉDIO |
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Afonso |
( entregando-se às recordações
)
1978... passaram-se mais de trinta anos...
( alisa as paredes, pisa firme no chão ) E você. Barão de Itatiba.
Continuas firme, sólido e principalmente, limpo e impecável.
Quando me lembro das escavações...
E eles dizendo:
Louco.
Completamente louco.
Construir um prédio com toda esta altura. Aqui!
Na ladeira do Lima!
Mas, as obras continuaram. Alicerces ,
planificações dos pilares, sustentações,
paredes, janelas e portas.
Enfim, surge:
O milagre
planificado em tecnologia moderna
Barão de Itatiba
Orgulho da ladeira
do Lima ( permanece sonhador e vitorioso )
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Augusto |
Bom-dia, Dr. Afonso. |
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Afonso |
Bom-dia, Augusto. Então, chegaram
os novos inquilinos? |
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Augusto |
Sim, senhor. O 302 já está
ocupado. |
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Afonso |
Ótimo! O que acharam do
apartamento? |
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Augusto |
Um pouco caro. |
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Afonso |
Ora, Augusto! Não perguntei o
usual. Eles não falaram da nossa estrutura, da nossa limpeza e conservação? |
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Augusto |
(sem entender) – É falaram. A D.
Elisa gostou, quando a Teresa prometeu dar uma olhada no marido dela. O
senhor sabia que ela trabalha pra fora? |
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Afonso |
Sim...sim...agora, vou subir. (encaminha-se para a escada) |
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Augusto |
Pela escada? |
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Afonso |
Sim... Pela escada. Ou será que
você desconhece de onde vem a estrutura, a solidez, a perfeição de meu físico
de trinta anos nos sessenta que tenho.
(sobe a escada) |
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Augusto |
Sim, senhor. Quero dizer, não
senhor.
(refletindo) Cada vez compreendo
menos do Dr. Afonso, nunca se sabe quando fala do prédio, ou quando diz...
Acho melhor dar um pulo lá no 701
e ver aquele vazamento, senão...
(sem perceber dirigi-se a escada)
Epa!
Não sou doutor!
Não tenho prédio.
Eu vou é de elevador. |
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Cena 2 – mesmo cenário – Elisa e
Teresa chegam da rua – cheias de compras - |
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Elisa |
D. Teresa, não sei como agradecer. |
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Teresa |
Que é isto dona! É como eu sempre
digo ao Augusto. Uma mão lava a outra. |
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Elisa |
(mexendo na bolsa) Ah! Ia me
esquecendo. (dá uns trocados para Teresa) |
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Teresa |
Ora D. Elisa, não precisava.
(guarda o dinheiro no sutiã) |
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Elisa |
Conforme o combinado. E o Roberto?
Está mais calmo? Passou bem o dia? |
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Teresa |
Conforme o combinado. Logo cedo,
fui até lá e... Fiz o café! Ele não quis.
Disse que queria sentar-se.
Sentou.
Pediu para voltar para a cama.
Voltou.
Pediu o café. Tomou
Pediu para ligar o rádio.
Liguei... Daí eu fui até em casa e voltei na hora do almoço. |
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Elisa |
(preocupada) Ele almoçou? |
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Teresa |
Logo que cheguei com o almoço. Ele
pediu pra ir para a cadeira.
(mostrando medo)
eu peguei a cadeira e trouxe para
perto da cama.
Quando ele foi sentar-se...
A cadeira andou... |
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Elisa |
(cortando a fala de Teresa) Não! |
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Teresa |
Não. Segurei a cadeira e ele
sentou-se.
Pediu para servir o almoço. Servi. |
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Elisa |
E você! Não voltou mais lá? |
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Teresa |
Voltei às duas horas. Perguntei se
ele queria voltar para a cama.
Ele disse que não. Disse que a
senhora chegaria mais cedo. |
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Elisa |
Graças aos céus! Ele hoje está
tranqüilo
(dirigi-se ao elevador)
Obrigado, Teresa, muito obrigado,
até logo. |
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Teresa |
Que não seja por isso.
(encaminha-se para os fundos do prédio) Até. |
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Cena 3 – apartamento de César e
Vanda – sentados e conversando |
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Vanda |
Você viu a chegada dos novos
moradores do 302? |
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César |
Como é que você sabe que era para
o 302? |
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Vanda |
Ora... maninho. Então você não
sabia que o único apartamento desocupado era o 302? Ou será que você...
Que você já esqueceu, quantas e
quantas vezes... |
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César |
(cortando a fala de Vanda) Cale a
boca! |
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Vanda |
Não precisa irritar-se. Eu só quis dizer... Ora eu não quis
dizer nada. |
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César |
(satirizando) Está bem.
Quantos são os novos moradores?
O que fazem?
São brancos, negros, ou amarelos? |
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Vanda |
Você pensa que me ofende!
Olhe, eu não sou fofoqueira.
Apenas, sou solidária com as
pessoas.
(fazendo suspense)
Se você tivesse visto! |
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César |
(mostrando interesse) O que? |
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Venda |
Ele chegou em cadeira de rodas.
Ela empurrando a cadeira...
Ah! Quanto carinho existe entre
eles.
Coitadinho, ale de não poder andar
(suspira) não tem o braço esquerdo. |
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César |
Você, como sempre, muito
observadora. |
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Vanda |
(finge que não ouviu) |
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César |
São casados? |
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Vanda |
D. Teresa contou-me tudo. Disse
que dona Elisa é enfermeira. |
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César |
Quem é dona Elisa? |
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Vanda |
A esposa do Sr. Roberto, que é
ex-pracinha da FEB. |
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Casar |
Verdade? |
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Vanda |
Sim. Ele combateu na Itália.
(pausa) Escute. O destacamento que
você comandou... |
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César |
(orgulhoso) O FALCON IV – O que
mais vitórias deu aos aliados. |
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Vanda |
Curioso. |
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César |
O Falcon IV? |
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Vanda |
Não. D. Teresa me disse que o
único quadro existente lá no 302 é um falcão dourado com uma inscrição... |
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César |
(impressionado) 4º D.I. !!! |
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Vanda |
Isso mesmo. |
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Cena 4 – apartamento de Elisa e
Roberto – Roberto na cadeira de rodas – Elisa lendo |
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Elisa |
(esquecendo o livro)
Quer chegar mais perto da janela? |
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Roberto |
Não. |
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Elisa |
D. Teresa me disse... |
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Roberto |
(cortando a fala de Elisa)
O que? Que eu a mandei para os
quintos do inferno! Ele e toda a sua atenção. |
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Elisa |
(contornando)
Não. Ela falou que você não quis
comer. |
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Roberto |
Só isso. |
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Elisa |
(com carinho)
Roberto, assim não pode continuar.
Você precisa alimentar-se.Todos os
dias, eu procuro fazer de tudo, procuro traze novidades.
Mas você não... |
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Roberto |
Não. Eu não reconheço.
(entrando em crise)
Não reconheço. Não posso
reconhecer esta piedade que todos sentem por mim, todos.
Inclusive, você. Você que deixou
toda uma vida normal, para viver santificada.
Santificada, por sua devoção ao
marido mutilado. |
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Elisa |
Mas, isso não é verdade. Eu amava
você. Eu amo você. |
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Roberto |
Amor! Como você pode amar um
homem, que só passou uma noite com você nos braços.
Um homem que tirou sua virgindade e partiu para a guerra. |
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Elisa |
Assim você está me ofendendo. |
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Roberto |
(ironizando) Desculpe, já éramos
casados. |
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Elisa |
(sonhando) Quando me lembro de
nosso casamento. |
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Roberto |
Quando me lembro do fim da guerra
(sonho desvairado)
O navio atracando... Vozes... Milhões
de vozes...
Rostos... Mãos que se apertavam...
Corpos que se integravam...
Não vi seu rosto, seus olhos...
Não senti seu corpo.
Mas, você, levou-me um
presente...e eu sentei.
Aí... Você começou a empurrar a cadeira,
a empurrar nossas vidas, empurrar nossos sonhos. |
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Elisa |
(revoltada) Não! Não foi por
piedade. Eu não ficaria com você, somente por piedade.
Eu preciso de você, eu... |
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Roberto |
{(cortando a fala de Elisa) Elisa!
Você, agora, vai fazer de nossa conversa um dramalhão. |
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Elisa |
Roberto, mais do que ninguém, você
sabe, você tem que reconhecer.
Não era piedade.
Não é piedade.
É amor. (abraça as pernas
paralisadas de Roberto)
(toca a campainha) – (Elisa
procura recompor seus sentimentos)
Um momento. |
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Roberto |
Por favor, vire minha cadeira para
a janela. |
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Elisa |
Sim. (atende ao pedido e vai abrir
a porta) Deve ser D.Teresa. |
Vanda |
Boa noite. |
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Elisa |
Boa noite. Pois não... |
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Vanda |
Somos seus vizinhos, moramos no
402. Meu nome é Vanda. E este é meu irmão César. |
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Elisa |
(embaraçada) Muito prazer, Elisa.
Mas façam o favor, vamos entrar. |
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Vanda |
Se não vamos incomodar. |
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Elisa |
Absolutamente, por favor. |
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(entram – Roberto está de costas
para a porta) |
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Roberto |
Quem está aí? |
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Elisa |
São nossos vizinhos do 402.
(encaminha-se para Roberto)
Vieram nos fazer uma visita.
D. Vanda... Sr. César. Por favor,
sentem-se.
(aproxima-se da cadeira de Roberto
e vagarosamente vem empurrando a cadeira
e direção ao centro da sala)
Roberto, estes são o Sr. César e
sua... |
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Roberto |
(num grito de animal ferido –
desperta com a fúria de um possesso)
Não!
Você aqui!
Saia da minha casa. Patife!
(subitamente entra em crise de
choro)
Incompetente...Covarde...Assassino... |
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Elisa |
Roberto, por favor. Acalme-se. |
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Vanda |
(olhando dentro da alma de César)
Vamos. Cel. César Duarte. |
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(César levanta-se cabisbaixo e
encaminha-se para a porta) |
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Elisa |
(interpondo-se entre os dois)
Desculpem. Voltem outra hora.
Eu não compreendo, mas... |
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Vanda |
Não se preocupe D.Elisa.
(olha para César)
Ele compreende. (saem) |
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Elisa |
Até logo.(fecha a porta e volta-se
para Roberto que está aos prantos)
Roberto... Pare... Acalme-se...
Eu preciso saber o que está
acontecendo. |
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Roberto |
(puxa Elisa para si com o braço
direito e esconde o rosto em seu colo)
Elisa... Vou enlouquecer... Diga
que foi um sonho... Um louco sonho. |
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Elisa |
(beija os cabelos de Roberto)
Amor querido. (reconforta-o com carinhos)
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Cena 5 – apartamento de Casar e
Vanda - |
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Vanda está sentada e lendo – César
caminha de um lado para o outro com uma garrafa na mão. |
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César |
Vamos. Fale alguma coisa!
(risos de bêbedo)
A ilustre Sra. Vanda não vai
querer anotar em sua árvore genealógica, o descobrimento...
A verdade se seu irmão. |
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Vanda |
(totalmente passiva)
Hoje não estou com vontade de
conversar. |
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César |
(explodindo em violenta crise de
revolta – apagando a imagem de bêbedo)
Não? Você tem que me ouvir.
Você tem me dar atenção.
A culpa não foi minha.
(analisando)
Eles eram 150... 150 homens
obedecendo ao meu comando, obedecendo minhas ordens.
Estávamos praticamente ilhados na
lama maldita. Malditos gringos...
Já não éramos 150 homens,
precisávamos sair dali...
(mostrando domínio)
Escolhi os melhores homens... 25
dos 70 restantes.
Dei o comando ao Sargento Roberto.
Esperamos a noite chegar, bastaria
silenciar as duas metralhadoras inimigas.
E sairíamos daquela fossa maldita
que chamam de trincheira.
Tracei um plano perfeito.
Eu não iria mandar aqueles homens para
a morte. |
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Vanda |
(que permaneceu abstrata a cena)
Escute. (lê no livro)
Foi o tempo que perdeste com tua
rosa que fez tua rosa tão importante. |
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Roberto |
Imundos, nós estávamos cobertos de
lama e sangue.
Transpirando e cheirando como se fossemos dejetos de nós
mesmos.
Eu precisava, eu tinha que tomar
uma iniciativa.
Chegou a noite.
Fez-se o silêncio.
Marcamos para as 22:00 hs. O
início da missão...
Sabe, os homens a batizaram de
Missão da Coruja.
Creio que foi este o mau agouro
que... mas meu plano era perfeito...
Não seria um pio de coruja que
iria... |
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Vanda |
Não se vê nada. Não se escuta nada.
E no silêncio alguma coisa
irradia. |
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Roberto |
(pegando carona nas últimas
palavras de Vanda) |
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Alguma coisa se irradia...
Rádio... Operação busca...
Salvamento...
E meu plano perfeito...Perfeito...
Perfeito... |
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Cena 6 – apartamento de Roberto e
Elisa - |
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- Elisa está sentada no chão com a cabeça no
colo de Roberto - |
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Roberto |
... era um plano perfeito. (ri)
O Cel. César não sabia, mas seu
apelido era “O Coruja”.
E a coruja piou...
Cel. César Duarte,. A coruja
piou... E seu pio resplandeceu ao luar.
Mostrando seu etéreo sorriso
confiante nos anos de academia e prática de táticas guerreiras.
Num simples vôo a coruja pega o
camundongo.
Avançamos, nenhum sinal do
inimigo...
O cabo Silva, confiante em seus
superiores, foi o primeiro. |
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Elisa |
Mas, como se explica nada ter
acontecido ao restante dos homens? |
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Roberto |
(refletindo)
Cel. César Duarte... O decidido
comandante... O diabólico homem de ação...
O condecorado oficial.
A mente perfeita para um plano
perfeito.
A ele... aos que com ele ficaram.
Medalhas, honrarias.
Até o rádio-operador ganhou
medalha.
Partimos para a missão às 22:00
horas, às 21:50 horas...
(imitando dialogo entre o Cel.
César e o rádio-operador)
(rádio-operador) – Cel. Os
reforços estão chegando.
(cel. César) – O que?
(rádio-operador) – O pessoal do 5º
D.I. Podemos suspender a missão.
(cel. César) – Suspender! Ora você
não vê que com a suspensão da missão, vamos dificultar a aproximação do 5º
D.I.
(rádio-operador) – Mas, Coronel,
eu pensei...
(cel. César) – Quem pensa aqui,
sou eu.
... e o 5º D.I. chegou para
recolher 25 corpos mortos e ou mutilados. Mutilados como eu...
( Roberto chora ) |
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Elisa |
(levantando-se do chão)
Vamos até a praça, a noite está
linda. |
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Roberto |
(olhando fixo para Elisa)
Elisa. É verdade, você não ficou
comigo por piedade.
Seu amor é egoísta. Você ama a
lembrança de um passado nosso.
Um passado que foi tão pequeno... |
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Elisa |
(não deixando Roberto continuar)
Roberto. Estamos juntos. Ou será
que o amor não é também demonstrado por duas pessoas juntas em quaisquer
circunstancias da vida. Os primeiros tempos foram difíceis.
Eu não conseguia enxergar em você
o único homem de minha vida.
Não via meu marido, meu amante.
E meu coração sufocava em prantos
o amor jovem que existia em mim. Agora... |
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Roberto |
(cortando a fala de Elisa)
Agora, você não precisa empurrar
mais a cadeira, não precisa empurrar nossas vidas e sonhos. Veja.
( com o braço direito movimenta a
cadeira pela sala)
Eu já posso fazer com que a
cadeira ande. Vamos até a praça. |
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Cena 7 – portaria do prédio |
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Augusto |
Pois é, Dr. Afonso. O pessoal do
402 entregou as chaves. |
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Afonso |
Depois de tantos anos. E o
apartamento está em boas condições? |
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Augusto |
Sim. Só estranhei uma coisa. |
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Afonso |
O que? |
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Augusto |
Deixaram um quadro. Estava todo
rasgado. Teresa consertou é um bonito falcão com as inicias 4º D.I. |
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(Entram da rua – Roberto e Elisa
que empurra a cadeira de rodas) |
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Afonso |
Bom-dia. |
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Roberto |
Ótimo dia. (olha com ternura para
Elisa) Não é querida. (dirigem-se ao
elevador) |
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Augusto |
Reparou Dr. Afonso. Quanto carinho
existe entre os dois.
Com licença, vou dar uma mão para
a Teresa lá no 402. ( dirigi-se para a escada) |
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Afonso |
Pela escada? |
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Augusto |
É. Estou praticando a minha
estrutura. |
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Afonso |
(rindo baixinho) Muito bem...
Muito bem...
(relembrando)
Carinhos... Quando carinho você me dá (olha para em redor – sentindo
todo o prédio)
Sabe. Muitos dizem que vivo em
função de você.
Que vivo analisando a sua sempre
segura estrutura sua impecável conservação.
O que eles não percebem, é que
conversamos, quando caminho por suas escadas e corredores.
Ah! Quanta coisa dizemos um ao
outro.
Você diz:
O 101 está em festa, nasceu mais
uma criança.
O pai diz que vai ser engenheiro.
A mãe que vai ser médico.
0 103... 0 207... 0 2l0... 0
30l... No 302 mora o carinho... no 307... no 4l0...
no 402, estão ultimando os
preparativos para receber novos moradores,
no 50l, colocaram um vaso de flores no corredor e está florindo...
0 601... 0 704... 0 705... 0 908...O 1010.
No 1010 moram você e eu.
É onde mais conversamos.
Onde, olhando para a cidade
dizemos um ao outro;
Não fosse nossa estrutura.
Nossa impecável conservação e
viveríamos, com uma tabuleta presa em nosso mural.
PROCURA-SE
INQUILINOS.
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